Brasil subordinado aos EUA e crise à vista
O governo Bolsonaro mistura um patriotismo retórico de fracas tintas e, ao mesmo tempo, uma subordinação canina aos EUA que envergonha qualquer brasileiro. A prática é conhecida como síndrome de vira-lata. No dia 9 de fevereiro o Almirante Craig S. Faller, chefe do Comando Sul das forças armadas dos EUA, trouxe à público uma informação […]
25 de fevereiro de 2019
O governo Bolsonaro mistura um patriotismo retórico de fracas tintas e, ao mesmo tempo, uma subordinação canina aos EUA que envergonha qualquer brasileiro. A prática é conhecida como síndrome de vira-lata.
No dia 9 de fevereiro o Almirante Craig S. Faller, chefe do Comando Sul das forças armadas dos EUA, trouxe à público uma informação que sequer era de conhecimento dos brasileiros, mas o era das Forças Armadas norte-americanas. Ao depor numa comissão do Senado de seu país expôs a informação de que o Brasil participaria de ações do Comando do Sul (SOUTHCOM) que integra tropas do Exército, da Força Aérea, da Marinha e da guarda costeira dos Estados Unidos e tem com tarefa defender a política de segurança dos EUA na América Central, América do Sul e o Caribe.
No dia 11 de fevereiro o mesmo Craig Feller se encontrou com Ilques Barbosa Junior Comandante da Marinha do Brasil no Ministério da Defesa, provavelmente para dar encaminhamento à este projeto tresloucado e sem sentido. Em seguido reuniu-se com o Tenente-Brigadeiro do Ar Raul Botelho que é Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
E não para por aí. Ao que tudo indica William “Bill” Popp que trabalha como ministro conselheiro da Missão na Embaixada dos EUA em Brasília já participou de reuniões do gabinete Bolsonaro, não como parte de uma agenda oficial, mas como membro de uma reunião ordinária cuja pauta está obscura. Vamos checar esta informação através de requerimento.
Em outras palavras: um General brasileiro fará parte do comando militar de outra nação. É um fato de extrema gravidade, além de ser inédito nas relações exteriores e na política de defesa nacional. O Brasil integrou missões de paz e humanitárias, algo muito diferente do que se propõe agora.
O documento que embasa esta subordinação vergonhosa tem as digitais do governo Donald Trump, pois trata várias nações como inimigas dos EUA. É um texto belicoso e destemperado, bem ao modo Trump de ser.
Trata várias nações como inimigas dos EUA, como China, Rússia, Coréia do Norte, Irã, Venezuela e Cuba. Mas a pergunta que não quer calar: estas nações são inimigas do Brasil?
Nossa constituição é clara no assunto: devemos promover a paz e a integração da América do Sul e não embarcar em aventuras intervencionistas que desrespeitam a soberania nacional, reconhecida por tratados internacionais do qual o Brasil é signatário.
Tais medidas ferem diretamente nossa política externa de defesa e nossas estratégias de relacionamento com nações vizinhas no continente e outras que são parceiras comerciais e diplomáticas. Além disso, o Livro Branco aprovado pelo Congresso Nacional que trata das bases da Defesa Nacional, está sendo rasgado por um governo que desconhece os princípios básicos que estruturaram nossas relações exteriores até aqui.
As ameaças à Venezuela feitas pelo governo Trump apontam para uma ação militar que causaria um conflito no país vizinho que teria o Brasil como intermediário. Isso é um absurdo completo. O Brasil não deve ser aliado dos EUA nestas aventuras criminosas e desprovidas de base legal e humanitária. A quem deve explicações o General indicado? Aos brasileiros ou ao governo Trump?
Todos sabemos que os interesses dos EUA na Venezuela não se relacionam com democracia e nem tampouco com direitos sociais, mas sim com o petróleo. E isso a Venezuela tem muito. O declínio das reservas de petróleo nos EUA apontam para a necessidade de acesso ao produto. É disso que se trata.
Estamos embarcando numa aventura que começa com atropelos nas leis e na soberania nacional e que não sabemos como pode acabar. Vem crise nova por ai.