O assassinato de Dilma Ferreira da Silva
Na última Sexta-feira (22) foi registrado pela polícia de Tucuruí o bárbaro assassinato da coordenadora regional do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), Dilma Ferreira da Silva e mais 2 pessoas: seu companheiro, Claudionor Costa da Silva e um amigo do casal, Hilton Lopes. Os 3 foram amarrados. Há sinais de que foram torturados e […]
25 de março de 2019
Na última Sexta-feira (22) foi registrado pela polícia de Tucuruí o bárbaro assassinato da coordenadora regional do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), Dilma Ferreira da Silva e mais 2 pessoas: seu companheiro, Claudionor Costa da Silva e um amigo do casal, Hilton Lopes.
Os 3 foram amarrados. Há sinais de que foram torturados e mortos com golpes de arma branca. Dilma teve sua garganta cortada e o corpo apresentava várias marcas e lesões. Uma violência absurda que se repete ano após ano. Chico Mendes, Irmã Dorothy, o massacre de Carajás. São incontáveis ativistas sociais que perderam a vida por lutarem pelo direito à terra e por uma vida digna na floresta.
Dilma militava no MAB e era coordenadora regional desde 2005. O movimento social atuava na região para que houvesse a devida compensação pela remoção de cerca de 32 mil pessoas, que há mais de 30 anos foram deslocadas de suas moradias para a construção da barragem da Usina de Tucuruí. Terceira maior usina do Brasil, atrás apenas de Itaipu e Belo Monte. A militante e seu companheiro eram também assentados pelo INCRA no Assentamento Salvador Allende. O assentamento é fruto da ocupação da fazenda Piratininga, feita em 2011 pelo MST e, após terem sido despejados por pistoleiros, se juntaram ao MAB e à Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) na organização das famílias que em 2012 começaram a ser assentadas.
Vemos aqui que Dilma era uma grande lutadora, com um histórico de engajamento nos movimentos sociais e uma vida dedicada às demandas dos mais pobres. Infelizmente teve o mesmo destino de tantas outras lutadoras e lutadores sociais.
Temos aqui neste plenário muitas pessoas que contribuem para que o ódio no campo se acirre. No chão do campo brasileiro, na fronteira agrícola com a Amazônia e nas áreas de exploração da floresta escorre o sangue daqueles que a bancada ruralista e da bala, nessa Casa e no Senado, insistem em chamar de “vagabundos” e “terroristas”. Uma lutadora social como Dilma deveria ser reverenciada e homenageada por todos nós.
Para um país que tem o histórico de relações conflituosas no campo como o Brasil tem, toda manifestação de ódio contribui para que o massacre continue. Para um país que tem o latifúndio forjado pela fraude de escrituras e grilagem de terras como o Brasil tem, a reforma agrária é fundamental se queremos ser mais igualitários e justos com o nosso povo.
Nós exigimos que haja investigação imediata. O Governador do Estado do Pará, Helder Barbalho (MDB), o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado e Gilberto Martins, procurador-geral de Justiça, precisam garantir a tomada de providências o mais rápido possível para apurar mais esse derramamento de sangue promovido pelo ódio. Esse massacre não pode passar passar em branco.
Deputado Ivan Valente – PSOL/SP