Óleo no Nordeste e a inépcia de Bolsonaro e Salles
Os desastres se sucedem. Agora é a vez do óleo no litoral do Nordeste. Estudos da UFRJ apontam que a origem do óleo que contaminou a região vem das águas internacionais, cerca de 700 km de distância. A mancha boiou no Atlântico e se espalhou numa área de aproximadamente 2.200 km de extensão, transformando-se no […]
23 de outubro de 2019
Os desastres se sucedem. Agora é a vez do óleo no litoral do Nordeste.
Estudos da UFRJ apontam que a origem do óleo que contaminou a região vem das águas internacionais, cerca de 700 km de distância. A mancha boiou no Atlântico e se espalhou numa área de aproximadamente 2.200 km de extensão, transformando-se no maior acidente ecológico deste tipo.
A detecção da origem do vazamento se transformou num mistério, mas ao que tudo indica o óleo circulou pelo oceano dirigido pelas correntes e abaixo da superfície, dificultando a identificação da fonte e a data de despejo.
Um único petroleiro pode ser o causador desta hecatombe ambiental. A tecnologia de transporte permitiu a criação de grandes embarcações que chegam a carregar 170 mil toneladas de óleo. Para se ter uma ideia de dimensão foram retiradas, até agora, 1000 toneladas de óleo das praias.
Os efeitos ambientais são incomensuráveis, afetando mangues, praias, dunas, fauna e flora. O turismo e as atividades econômicas dele derivadas também correm sérios riscos. E não para por aí, pois o que chega ao continente é apenas uma pequena parte do derrame. O maior volume se espalhará pelo oceano afora.
Recifes de corais correm sérios riscos. Animais marinhos também serão imensamente afetados. O plâncton, que são microrganismos que boiam à superfície dos oceanos e tem o importante papel de fazer a troca de gás carbônico e oxigênio, também serão eliminados em larga escala, provocando alterações climáticas.
Há também consequências de curto e médio prazo às populações litorâneas que mantiverem contato com a contaminação do produto. Como uma parte do óleo é solúvel em água, os danos se ampliam e de forma quase imperceptível.
Como se não bastassem os problemas da tragédia, o governo Bolsonaro somente fez ampliar as consequências. Primeiro pela demora em oferecer respostas quando da constatação do que havia acontecido. Segundo pelos ataques irresponsáveis à Venezuela como responsável. A tara política de Bolsonaro pelo país beira a insanidade, ou como diriam os humoristas: vergonha alheia.
Da mesma forma que as queimadas na Amazônia eram apontadas como responsabilidades de ONG´s e dos povos nativos, agora busca-se um inimigo externo que alivie as coisas para o governo. O que se tem de concreto, ao contrário, são tambores com a marca da multinacional Shell.
A insânia é tanta que o capitão-presidente chegou a insinuar que o vazamento fazia parte de um jogo criminoso para prejudicar o leilão do Pré-Sal que se aproxima. Os delírios se sucedem.
Bolsonaro é inepto e incapaz, foge das suas responsabilidades e faz jogo ideológico em tempo integral. É um governo fake.
Para completar a desgraça Bolsonaro ainda atacou os governadores dos estados nordestinos pelo ocorrido, lançando mão de seu conhecido preconceito. A resposta veio imediata: escreveram uma carta desancando o presidente.
O Ministério Público Federal (MPF) dos nove estados do Nordeste representou a União para que acione o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo (PNC). Os comitês contra desastres por óleo foram extintos por Bolsonaro.
A inoperância do governo, incluindo o ministro de meio-ambiente Ricardo Salles, é digna de crime de responsabilidade. Vale lembrar que as primeiras manchas foram detectadas em 30 de agosto.
Destaque-se a importância de milhares de voluntários que se mobilizaram para retirar o material, e que tem dado uma contribuição inestimável para minimizar os danos.
O saldo final desta tragédia perdurará por décadas até que se consiga recuperar, apenas em parte, os prejuízos ambientais gerados.
Alguns incautos antes da posse de Bolsonaro diziam sobre seu governo: se não der certo a gente troca. Já não deu certo e trocar não vai recuperar o desastre que se acumula em todas as áreas. Provavelmente a ambiental seja uma das mais atacadas pela trupe miliciana que tomou conta do poder central.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL SP