Não à privatização criminosa dos Correios
Na cruzada privatista do governo Bolsonaro, que combina discurso autoritário com um liberalismo econômico exacerbado, está a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Uma empresa de mais de 350 anos, com 117 mil trabalhadores, orgulho para o povo brasileiro e referência no mundo todo. A legislação brasileira prevê o monopólio dos Correios nos serviços de […]
20 de setembro de 2019
Na cruzada privatista do governo Bolsonaro, que combina discurso autoritário com um liberalismo econômico exacerbado, está a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Uma empresa de mais de 350 anos, com 117 mil trabalhadores, orgulho para o povo brasileiro e referência no mundo todo.
A legislação brasileira prevê o monopólio dos Correios nos serviços de carta, cartão postal, correspondência agrupada e telegrama, mas não na entrega de produtos oriundos do comércio eletrônico ou outras formas de vendas, esse tipo de entrega é o principal filão de lucro e responsável pela maior parte dos serviços prestados hoje pelos Correios. Se não há monopólio nesta área, o que explica a ausência de empresas privadas fortes neste segmento, mesmo com os sucessivos recordes em vendas pela internet. Podemos supor que apesar de todo o sucateamento que os Correios têm sido vítima, a empresa ainda apresenta uma competência e detém uma estrutura construída com recursos públicos que a coloca numa situação de primazia no mercado.
Tem um vídeo famoso do Bolsonaro onde ele, numa entrevista no programa do Jô Soares, diz que o Fernando Henrique Cardoso mereceria ser fuzilado por ter privatizado a Vale do Rio Doce e a Petrobras, por ter ferido a soberania nacional. Vejam as contradições da política, o discurso truculento e de eliminação física de seus oponentes continua o mesmo, mas os motivos que o levaram a proferir tais despropérios agora poderiam perfeitamente ser usado contra ele próprio.
Aliás, o método usado agora para as privatizações é exatamente o mesmo do governo FHC, promovem um brutal sucateamento das empresas públicas, a levam ao estrangulamento para depois justificar a privatização. É o caso dos Correios, uma empresa superavitária até 2012, que sofreu nos últimos anos com má gestão de seus recursos e forte intervenção política, ficando sempre a mercê de conchavos políticos alheios a empresa. Mesmo com tudo isso, o lucro da empresa nos dois últimos anos, mostra seu enorme potencial e que a privatização é antes de tudo um péssimo negócio para o país.
Na linha de sucatear para privatizar, os direitos dos trabalhadores dos Correios estão cada vez mais sob ataque, além do arrocho salarial e condições de trabalho são cada vez mais precárias. Por isso, os trabalhadores reagiram e protagonizaram uma forte greve nacional de 7 dias, mostrando uma categoria mobilizada, disposta a lutar em defesa dos Correios e contra as privatizações. Nesse processo, a postura da direção da Empresa sob o governo Bolsonaro foi a pior possível, trataram com truculência e perseguição uma mobilização legítima dos trabalhadores. A Empresa se recusou até a aceitar uma mediação feita pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) com os trabalhadores. É a primeira vez que um empresa se recusa, de forma unilateral, a ter uma negociação dirigida pela corte, que é a responsável por arbitrar
impasses envolvendo categorias de empresas com abrangência nacional.
Diante de tamanha intransigência os trabalhadores suspenderam a greve, mas continuam mobilizados à espera do julgamento do dissídio da categoria pelo TST que deve ocorrer no dia 2 de outubro.
Todo apoio à luta dos trabalhadores dos Correios. Todos contra a privatização.
Ivan Valente
Deputado Federal do PSOL/SP