Corte na educação é crime contra a sociedade
Mais uma vez o Bolsonaro mira suas baterias contra a educação, os professores, estudantes, a pesquisa e a ciência. Sua persistência em atacar o segmento indica se tratar de uma política deliberada de governo, e não apenas uma manifestação persecutória impulsionada pelo delírio. A lista dos ataques é grande: Escola Sem Partido, filmagem das aulas, […]
21 de maio de 2019
Mais uma vez o Bolsonaro mira suas baterias contra a educação, os professores, estudantes, a pesquisa e a ciência. Sua persistência em atacar o segmento indica se tratar de uma política deliberada de governo, e não apenas uma manifestação persecutória impulsionada pelo delírio.
A lista dos ataques é grande: Escola Sem Partido, filmagem das aulas, doutrinação ideológica, marxismo cultural, homescholling, desvalorização das ciências humanas, perseguições a professores, autoritarismo, etc.
Vale lembrar que há 8 Reitores de instituições federais (cinco institutos e três universidades) que foram escolhidos por eleição e não foram nomeados. O MEC faz um veto ideológico absurdo que desrespeita a autonomia universitária e o exercício da democracia.
Como se não bastasse o torpedeamento em curso o corte orçamentário nas Universidades Federais e nos Institutos Federais de Ensino vem completar o desserviço.
No final de abril o ministro da Educação Abraham Weintraub anunciou a redução de verbas de três universidades (UFF, UFBA e UNB) e associou o facão ao baixo desempenho e “balbúrdia”.
Bolsonaro, assim como seu ministro, já havia mostrado ignorância no assunto quando em entrevista se referiu a uma Universidade privada como “exemplo de excelência na pesquisa”. Mal sabe ele que a quase totalidade da produção de conhecimento, ciência e tecnologia nos estabelecimentos de ensino brasileiros tem sua origem nas públicas.
Ignora também que estes estabelecimentos acolhem estudantes de menor poder aquisitivo e negros em sua maioria. Trata-se de uma efetiva política de inserção social e de criação de oportunidades num país que, fora dos muros das Universidades, confina-os em guetos na periferia das grandes cidades.
Os cortes são criminosos e insustentáveis. Irão provocar reduções no atendimento médico em hospitais Universitários, fechamento de laboratórios, interrupções nas pesquisas sobre a produção agrícola e a geração de dados sobre as mudanças climáticas, dentre outros.
Trata-se de R$ 2 bilhões a menos num orçamento de R$ 7 bilhões das verbas discricionárias, ou seja, 30% do total. Os valores são significativos e afetariam a vida de mais de 1,3 milhões de estudantes em 5 mil cursos, conforme aponta a ANDIFES em levantamento detalhado sobre o tema.
É preciso lembrar também que no final do ano de 2016 foi promulgada a EC 95, que engessa os gastos públicos pelos próximos 20 anos, com efeitos nefastos nas áreas sociais, dentre elas o desempenho e a sobrevivência das instituições de ensino. Bolsonaro, então deputado, votou a favor da proposta e seu governo é ferrenho defensor desta mesma concepção de modelo econômico que é responsável por esta insanidade de longo prazo.
O equívoco de classificar educação com o gasto público e trata-la dentro dos limites de uma planilha, é típico dos que ignoram o papel social que ela desempenha, das possibilidades de empregabilidade que ela abre e o impulsionamento que ela propicia ao setor produtivo, reduzindo nossa dependência, reafirmando nossa soberania e reduzindo as desigualdades sociais.
O Olavista delirante Abraham Weintraub, que substituiu o inepto Vélez, com os cortes anunciados conseguiu a proeza de, em menos de 15 dias à frente do MEC, promover a maior manifestação de rua contra Bolsonaro. Acendeu a fagulha num palheiro de insatisfação acumulado em apenas 4 meses e meio de governo.
O 15M foi uma resposta em grande estilo à demência gerencial que acometeu o Planalto e transformou o Brasil num caos político, numa babilônia econômica e em chacota internacional.
O estrago é grande até agora, mas pode ser ampliado. Precisamos barrar os desvarios desta família, os avanços neoliberais sobre a Previdência, o autoritarismo político e o falso moralismo. E dentre as medidas mais perversas e contrárias ao interesse nacional estão os cortes orçamentários da educação. Vamos dar uma retumbante NÃO a estas medidas nas ruas neste próximo dia 30 de maio.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL SP