Em defesa dos povos indígenas! Não ao retrocesso: demarcação já!

Demarcação já das terras indígenas

Nessa semana, ocorre, em Brasília, o Acampamento Terra Livre, em que povos indígenas de todo o Brasil se reúnem na capital para chamar atenção aos problemas enfrentados pelos povos originários e, ao mesmo tempo, cobrar do Poder Público as soluções devidas. Há 15 anos ocorre essa mobilização. Dessa vez, no entanto, o clima é muito […]

26 de abril de 2019

Nessa semana, ocorre, em Brasília, o Acampamento Terra Livre, em que povos indígenas de todo o Brasil se reúnem na capital para chamar atenção aos problemas enfrentados pelos povos originários e, ao mesmo tempo, cobrar do Poder Público as soluções devidas.
Há 15 anos ocorre essa mobilização. Dessa vez, no entanto, o clima é muito mais tenso. O governo Bolsonaro, com toda a sua veia autoritária e antipopular, escolheu dentre os seus adversários os indígenas. Logo no início de seu mandato, Bolsonaro retirou da Funai o poder de identificar e demarcar terras indígenas, passando a atribuição ao Ministério da Agricultura, comandado pela ruralista Teresa Cristina (DEM). A medida, na prática, impede novas demarcações, uma vez que justamente os ruralistas querem avançar sobre as terras que pertencem aos índios, de modo a provocar devastação ambiental para garantir o cultivo de alguma monocultura. Regada com muito agrotóxico.
Como se não bastasse, o governo transferiu a própria Funai, que antes fazia parte do Ministério da Justiça, para o então Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado pela religiosa Damares Alves. Damares é acusada de promover o sequestro de uma criança indígena e tem em seu passado práticas “evangelizadoras”, que na prática subjugam a cultura secular dos índios. Uma verdadeira violência!
Esta importante mobilização está sendo organizada pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), tendo a companheira Sônia Guajajara, quem foi cocandidata à presidência da República pelo PSOL ao lado de Guilherme Boulos, uma das principais lideranças do movimento.
Em resposta à luta, Jair Bolsonaro gravou um vídeo em que se refere ao ato como um “encontrão de indígenas pago com dinheiro público”. A profunda ignorância de Bolsonaro aliado ao desprezo que ele sente pelo povo brasileiro violentam a democracia. Importante ressaltar que o encontro é autofinanciado e conta com a ajuda de entidades parceiras, ao contrário da Fake News disparada pelo próprio presidente de República.
Era de se esperar que os governantes se preparassem para receber os povos indígenas e suas reivindicações. Ao invés disso, Moro e Bolsonaro acionaram a Força Nacional para receber os indígenas com violência ao invés do diálogo. Essa iniciativa é reveladora do autoritarismo deste governo.
Outro ataque recente, revertido com mobilização, partiu de Luiz Henrique Mandetta, Ministro da Saúde, que queria fechar a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Como podemos ver, aos indígenas esse governo guarda somente agressões.
Fazemos questão aqui de lembrar que, pela primeira vez, o Congresso possui uma representante indígena, a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR), quem conta com nossa solidariedade na luta em defesa de seu povo.
Enfim, é com esse clima de profunda tensão que ocorre o Acampamento Terra Livre. Enquanto este governo quer desmatar, poluir, diminuir a fiscalização ambiental e atacar a cultura dos povos, a população indígena se levanta em defesa dos originários desse solo, defendendo a tradição, a harmonia e preservação do meio ambiente brasileiro. Estamos juntos nessa luta!

Ivan Valente

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