A ditadura militar faz 60 anos. E nós não vamos nos esquecer!

Lembrar sempre! Para que nunca mais aconteça!

28 de março de 2024

Foto de Evandro Teixeira

Há 60 anos, em 31 de março de 1964, o Brasil começava a viver uma era de terror, uma ditadura militar sangrenta, só interrompida em janeiro de 1985, com a eleição indireta de um civil à Presidência da República, o primeiro em 21 anos. 

Os 20 anos do regime ditatorial no país foram, principalmente a partir de dezembro de 1968, com o decreto do Ato Institucional No5 (o famigerado AI-5), um período de perseguições políticas, prisões sem nenhum processo judicial, tortura sem controle por parte das forças de segurança e assassinatos das pessoas que, valentemente, ousaram se erguer contra a violência dos militares brasileiros, dirigida a sua própria população!

O golpe que derrubou o presidente João Goulart, que vivia um momento delicado na presidência, depois da inconsequente renúncia de Jânio Quadros, sete meses apenas depois de eleito, teve o apoio das elites nacionais e da CIA, revelando uma trama macabra que envolvia os setores mais conservadores da sociedade brasileira, a maioria das forças de segurança e os órgãos internacionais de espionagem dos Estados Unidos que, aliás, participaram diretamente de uma operação para disseminar ditaduras e governos de exceção em toda a América do Sul, principalmente no Brasil (1964-1985), no Chile (1973-1990), na Argentina (1976-1983) e no Uruguai (1973-1985), a nefasta Operação Condor, comandada pelo não menos nefasto ditador chileno, Augusto Pinochet.

Estes 20 anos, não só retardaram nosso processo democrático, impondo-nos décadas de obscurantismo, repressão e opressão, como atrasaram todo nosso processo de desenvolvimento econômico e social, impedindo-nos de planejar a economia e reduzir nossa enorme desigualdade social. A ditadura “desapareceu” com um sem-número de pessoas, ceifou vidas, destruiu famílias, deixou uma marca indelével de sofrimento na história brasileira. Até hoje há famílias que esperam os corpos de seus entes queridos, apenas para poder enterrar seus mortos e virar essa página tão dolorosa de sua existência. 

E esse período sangrento da história brasileira, infelizmente, não foi apenas um raio em céu azul. A história republicana do país é repleta de episódios nos quais as forças de segurança, principalmente as Forças Armadas, interromperam processos democráticos para exercer uma absurda tutela sobre a vida política do país! Foi assim no Estado Novo, foi assim na ditadura militar e quase ocorreu de novo agora, em janeiro de 2023, na tentativa de golpe frustrado contra o presidente Lula, legitimamente eleito em 2022, derrotando Jair Bolsonaro, parceiro dos militares golpistas! 

É imperativo que nos lembremos sempre desse triste evento, exatamente para que ele nunca mais se repita! As novas gerações têm que conhecer a história, saber dos assassinatos e da tortura, conhecer os perversos meandros das ações que nos lançaram nesses anos de chumbo. E, diferentemente do que fizeram outros países, como a Argentina por exemplo, que julgou seus militares golpistas, o Brasil perdeu todas as oportunidades para julgar e condenar os criminosos responsáveis pelas perseguições, pelas torturas e pelos assassinatos. Não queremos revanche, apenas justiça.

Lembrar os 60 anos da ditadura militar não é motivo para celebrar, como infelizmente querem fazê-lo os conservadores deste país. Mas, tampouco, é momento para qualquer provocação. É sim, fomentar a preocupação com a memória, é lutar para que as pessoas nunca mais tenham que viver debaixo desse tipo de opressão, é estimular a luta pela emancipação e pela liberdade da população. Não podemos nos esquecer jamais desse episódio funesto da história brasileira, em nome da liberdade do povo brasileiro!

 

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