59% dos norte-americanos mais jovens prefeririam viver em país socialista

É muito comum, em uma discussão política, alguém lançar a pergunta: “Mas onde é que o socialismo deu certo?” É uma pergunta que se propaga em meio ao senso comum porque se apóia em clichês e em desinformação. A intenção aí é evocar os momentos de maiores dificuldades de implementação prática ou de maiores deturpações do espírito socialista, ignorando os elementos favoráveis. Se formos olhar com atenção, veremos resultados muito positivos nas experiências das mais variadas dentro do que podemos considerar um espectro socialista.

Qualquer pesquisa séria mostrará isto, seja nos índices impressionantes de escolaridade e atendimento de saúde em Cuba, seja no IDH topo do ranking mundial das social-democracias escandinavas, entre tantos outros exemplos. Então nada mais justo do que devolvermos a pergunta feita por Fidel Castro, que faz sentido para qualquer um de nós: “Onde é que o capitalismo deu certo, na América Latina, na Afríca e na Ásia?”

Quem defende a superioridade do capitalismo obviamente se refere apenas aos grandes vencedores desse modelo, e esconde seu pior lado. Preferem não contabilizar o enorme desequilíbrio entre nações, a quantidade de miseráveis excluídos de um sistema desleal, a violência institucionalizada nas periferias, as vítimas de guerras orientadas pelo lucro de grandes corporações, ou seja, todo o sangue, a miséria e a ameaça ao meio-ambiente gerados pela ganância do mercado. Em meio à pandemia, fica ainda mais patente a total impossibilidade de se enfrentar situações extremas com as receitas liberais. O coronavírus expôs toda a fragilidade do discurso liberal, que ao colocar o lucro acima do bem-estar mostra sua faceta mais perversa, de modo insustentável.

Cada vez são menos os vencedores do jogo alucinado do capital, e as novas gerações estão se dando conta disso. Não é apenas no terceiro mundo que não se vê mais vantagem na continuidade deste modelo, mas também no próprio coração do império. Uma pesquisa recente feita pela Harris Poll, como anuncia um artigo do Financial Times, aponta que mais da metade dos norte-americanos com menos de quarenta anos prefeririam morar num país socialista do que em um país capitalista. Nessa faixa etária, são 59% os que perderam o medo da palavra socialismo logo no país que mais se empenha em exportar o sonho liberal. Apesar de toda a riqueza gerada nessa potência econômica inquestionável, os benefícios do sistema se concentram na mão de poucos e provocam sofrimento e decepção à maioria.

A realidade das cidades norte-americanas não é exuberante como se vê em muitos filmes e séries. A classe média vem perdendo poder de compra há décadas, com uma curva que cai de modo notável desde a ascensão do neoliberalismo implementado por Reagan. Estão surgindo favelas nas grandes capitais dos EUA que se parecem muito com as brasileiras. E é claro que só pode haver algo errado quando o país mais poderoso do mundo é também aquele onde mais se morre de coronavírus, evidenciando o descompromisso dos governantes ricos com a saúde e o bem-estar de seus cidadãos. No século XXI, especialmente após a pandemia, já não pode restar dúvida de que o capitalismo tal como o conhecemos é vantajoso apenas para uma minoria, e que este modelo precisa ser superado.

Fonte da pesquisa Harris Poll: Financial Times, em https://www.ft.com/content/1b9d29f9-6115-4230-a78c-125aad4eb0e1