Informalidade atinge quase 40 milhões de brasileiros

O governo Bolsonaro comemorou a leve melhora na taxa de desemprego do país para 11,8% no trimestre encerrado em agosto, contra 12,3% no trimestre encerrado em maio. O que ele não diz é que este índice só foi possível à custa de uma outra tragédia à brasileira, no último trimestre foi batido o recorde de […]

02 de outubro de 2019

O governo Bolsonaro comemorou a leve melhora na taxa de desemprego do país para 11,8% no trimestre encerrado em agosto, contra 12,3% no trimestre encerrado em maio. O que ele não diz é que este índice só foi possível à custa de uma outra tragédia à brasileira, no último trimestre foi batido o recorde de informalidade no nosso mercado de trabalho. Ao todo, foram 38,8 milhões de pessoas nessas condições, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse contingente representa 41,4% da população empregada no Brasil, a maior taxa desde que o IBGE passou a calcular esse indicador. O número de trabalhadores por conta própria chegou a 24,3 milhões, novo recorde na série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar). Também houve recorde no número de empregados da iniciativa privada sem carteira: 11,8 milhões.

Para se ter uma ideia do alcance do trabalho informal, das 604 mil pessoas a mais no mercado de trabalho no último semestre, 98,6% , ou 596 mil, são trabalhadores considerados informais. Dentre eles, 411 mil começaram a trabalhar sem carteira assinada para o setor privado.

Outra chaga são os ditos empregadores sem CNPJ, os “empresários precariados”, esse número chegou a 749 mil pessoas na comparação anual, já o número de brasileiros que conseguiram ocupação informal chegou a 1,8 milhão no último ano.

Os números alarmantes são de uma economia que apresenta faces de uma mesma crise, a incapacidade de apontar um rumo de crescimento, a incapacidade de romper com um círculo recessivo. Nem podemos falar de recuperação no mercado de trabalho, não só pela sua lentidão, mas principalmente, pela forma que se dá esse processo, se considerarmos além da informalidade, a qualidade das vagas criadas (baixos salários, contratos intermitentes, insalubridade) veremos que desestruturação do mercado de trabalho atinge cerca de 58 milhões de brasileiros. Não tem economia que se recupere partido dessa base.

Enquanto isso, a receita do Bolsonaro/Guedes é um neoliberalismo avassalador, dentro de um governo com viés autoritário e com ministros toscos, sem capacidade de gerir de forma competente a máquina pública. A combinação de tudo isso só poderia ser o aprofundamento da tragédia que já vivemos há quase 5 anos.

Bolsonaro já vai para 10 meses de governo, não cola mais jogar a culpa nos antecessores, até porque foram dois anos e meio de Temer, com Meirelles no governo aplicando a mesma receita, e ainda, 1 e meio de Joaquim Levy, já com cortes e austeridade. Em outras palavras, o modelo econômico adotado vem se mostrando em retundo fracasso, só acumulou mais miséria para os pobres e concentração de renda nas mãos dos mais ricos. Um alerta severo sobre isso é o aumento da desigualdade no país, como bem apontou o economista Marcio Pochmann “pobreza cresceu 10,4% ao ano e desemprego, 20,1% desde 2015. Desigualdade cresce sete vezes mais rápido do que nas crises da ditadura”.

Com políticas como teto de gastos, reforma trabalhista, lei da terceirização, desvalorização do salário mínimo e agora, reforma da previdência e a dita liberdade econômica, que na verdade é liberdade de exploração, a desigualdade, as condições precárias e a superexploração do trabalho vão aumentar ainda mais. Até quando a população brasileira conseguirá carregar esse fardo, quando explodir, não haverá paciência com aqueles que usam do apoio popular para massacrar ainda mais o povo. As revoltas, quando existem, não poupam os populistas de plantão, o povo quer uma solução para a grave crise, não aceita mais o blá, blá, blá ideológico.

Deputado Ivan Valente

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