Doria, a onda da “arminha” e as doses diárias da demagogia tucana

A eleição de Jair Bolsonaro descortinou um cenário de horror e iniquidades quando o assunto é segurança pública. O Jair, candidato, passou meses fazendo a apologia da matança como espinha dorsal de uma política de segurança. O Jair, presidente, coerente com a incivilidade da proposta, caminha pelas águas turvas do “bandido bom é bandido morto” […]

03 de outubro de 2019

A eleição de Jair Bolsonaro descortinou um cenário de horror e iniquidades quando o assunto é segurança pública. O Jair, candidato, passou meses fazendo a apologia da matança como espinha dorsal de uma política de segurança. O Jair, presidente, coerente com a incivilidade da proposta, caminha pelas águas turvas do “bandido bom é bandido morto” e direitos humanos para humanos direitos” e outras superficialidades sem fundamento.

Os resultados não podiam ser outros, senão o do aumento da criminalidade, da letalidade do Estado nas operações contra os pobres na periferia ou na tragédia social dada pelas facilidades no acesso às armas e munições.

A mais competente política de segurança pública é a que cria condições de vida para seu povo, não a que o subjuga ao desemprego, à miséria e à fome. Neste cenário de precarização do mundo do trabalho, queda nos rendimentos e compressão criminosa dos gastos públicos em áreas sociais, o país se dilacera e o tecido social se esgarça.

Mas a onda da “arminha” vai além de um presidente inepto, despreparado para o cargo e insensível às mazelas de uma sociedade destruída. Ela sustentou discursos e plataformas de governo e tem, entre seus seguidores Witzel, governador do Rio de Janeiro e Doria, de São Paulo, certamente os maiores exemplos, depois de Bolsonaro, de como navegar na onda do alarmismo e colher bons frutos eleitorais.

Doria deu ao tema da segurança pública a centralidade de sua campanha. Em tom rocambolesco prometeu o uso da força, a intensificação da letalidade policial e navegou no “prendo e arrebento”. Ideias desprovidas de efetividade, mas carregadas de demagogia e falsidade na solução dos problemas.

Mas na prática o discurso derrete. Em meados de agosto o jornal Folha de S. Paulo apontou que das 22 propostas apresentadas, apenas duas haviam sido implantadas em sua totalidade[1]. Na mesma linha das promessas irrealizáveis, circula nas redes dois vídeos onde, como candidato promete ajustes salariais para os trabalhadores da segurança pública e, depois de eleito, afirma enfaticamente que não há “a mínima chance de aplicar reajustes nos salários”. Doria é uma farsa em tempo integral.

Outras medidas colocadas em prática mostram que sua preocupação repousa mais na defesa da propriedade do que das pessoas. Informa a Carta Capital que “Sob a caneta do governador, também caminham mudanças nas regras de condutas da PM em protestos e reintegração de posse, privatização de presídios e o veto a um projeto de lei que estendia o horário de atendimento da Delegacia da Mulher.”[2]

Sua gestão publicou recentemente um vídeo institucional de um minuto[3] para divulgar suas ações, mas o que se vê é um amontoado de policiais com armas em punho e disparos aos quilos, lembrando as políticas facínoras de Rodrigo Duterte nas Filipinas.

Doria já fez referências sobre mirar “tiros no tronco”, Witzel falou em “cabecinha” e agora Trump indica disparos “nas pernas dos imigrantes”. Representam uma linhagem fascista e deplorável de governantes preocupados em transformar um tema de grande importância, como segurança pública, em oportunismos políticos de ocasião, ineficientes como soluções efetivas, porém rendosos em termos eletivos.

Depois de mais de duas décadas de tucanistão em São Paulo o que se vê é mais do mesmo: mais presídios, mais letalidade policial, mais dinheiro gasto em repressão, mais mortes, mais violência e, mais insegurança pública.

O modelo está falido e enterrado, mas é isso que Doria tem a oferecer. É o limite do tucanistão.

Ivan Valente

[1] https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/08/doria-deixa-no-papel-maioria-de-suas-promessas-para-seguranca-publica.shtml

[2] https://www.cartacapital.com.br/politica/cinco-medidas-que-antecipam-a-doutrina-doria-para-a-seguranca-publica/

[3] https://www.youtube.com/watch?v=t40u95y-l1o

Deixe seu contato para receber informações