Bolsonaro cometeu caixa 2 e faz parte do laranjal do PSL
O jornal Folha de São Paulo revelou uma bomba neste domingo: Jair Bolsonaro foi beneficiado pelo laranjal que o PSL montou em Minas Gerais. O esquema também contribuiu com a campanha do hoje ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Segundo o ex-assessor do ministro, Haissander Souza de Paula, recursos que deveriam ser de quatro candidatas […]
08 de outubro de 2019
O jornal Folha de São Paulo revelou uma bomba neste domingo: Jair Bolsonaro foi beneficiado pelo laranjal que o PSL montou em Minas Gerais. O esquema também contribuiu com a campanha do hoje ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Segundo o ex-assessor do ministro, Haissander Souza de Paula, recursos que deveriam ser de quatro candidatas mulheres foram desviados para as duas campanhas em questão. Além disso, a Polícia Federal apreendeu uma planilha em que supostamente consta valores repassados para a campanha do “mito”.
Para lembrar do caso. A Polícia Federal identificou que quatro candidatas do PSL mineiro receberam 265 mil reais. Dado o baixíssimo desempenho eleitoral, ficou a suspeita de que essas candidaturas, na verdade, existiam como mecanismo de desvio de verbas públicas. Lilian Bernardino, por exemplo, oficialmente recebeu 65 mil reais, sendo que no fim das contas ele teve apenas 195 votos. O volume de recursos não corresponde à campanha efetivamente desenvolvida, o que ficou ainda mais evidente com o baixo resultado.
A legislação eleitoral exige que no mínimo 30% das candidaturas de um partido sejam ocupadas por mulheres, com a correspondência de 30% dos recursos do fundo eleitoral. De acordo com decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 17 de setembro, o partido que fraudar essas regras está sujeito à cassação da chapa. É isso que atormenta Bolsonaro.
Na última sexta-feira, a PF e o Ministério Público de Minas Gerais indiciaram Marcelo Álvaro por falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. Outro aspecto chama a atenção. Bolsonaro já demitiu nomes importantes do governo, como Gustavo Bebianno e o general Santos Cruz. Ambos foram demitidos por razão política. Enquanto Marcelo Álvaro, mais sujo que pau de galinheiro, segue incólume no cargo. Há uma razão para isso.
Não restam dúvidas de que o PSL usou várias candidaturas laranjas. O caso mineiro é o mais gritante. As chances de Bolsonaro ter sido privilegiado por este esquema criminoso são muito, muito altas. Como se diz no interior, onde passa o boi, passa a boiada. É por essa razão que a resposta de Bolsonaro à Folha foi muito acima do tom. Ele disse que o jornal “desceu às profundezas do esgoto”. Justo ele que é cria dos porões da ditadura! A questão que realmente preocupa o Planalto é que uma escalada investigativa revele não um, mas vários casos de caixa 2.
Corre no STJ outra denúncia que pode cassar a chapa Bolsonaro/Mourão. Todos nós vimos que a campanha vencedora usou e abusou de fake news. Foi beneficiada por esquemas de envio em massa pagos por empresários. Há crimes aqui como falsidade ideológica eleitoral, abuso do poder econômico, recebimento de recursos privados (vetado pela legislação), dentre outros.
Salta à vista a total falta de pudor com a qual Sergio Moro, um militante bolsonarista, saiu em defesa de seu chefe. Ele abandonou a liturgia do cardo de Ministro da Justiça para ser advogado de Bolsonaro, ao dizer que a campanha foi a mais barata e, portanto, está blindada da denúncia de caixa 2. O argumento, na prática, quase entrega “seu cliente”. Como uma campanha tão barata foi capaz de mobilizar tantos recursos Brasil afora?
Enfim, são questões que Bolsonaro responderá na Justiça. Onde há fogo, há fumaça. Se a investigação for feita com zelo, Jair Bolsonaro não fica no cargo.
Ivan Valente