Doria e Crivella se unem na boçalidade e no autoritarismo
Em tempos de louvação à torturadores, de elogio ao malfadado golpe de 64 e de destruição da democracia no Brasil, o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella e o governador do Estado de São Paulo, João Doria, deram exemplos que confirmam o cenário de retrocesso político que domina o cenário nacional. Marcelo Crivella (Republicanos) […]
10 de setembro de 2019
Em tempos de louvação à torturadores, de elogio ao malfadado golpe de 64 e de destruição da democracia no Brasil, o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella e o governador do Estado de São Paulo, João Doria, deram exemplos que confirmam o cenário de retrocesso político que domina o cenário nacional.
Marcelo Crivella (Republicanos) publicou um vídeo nas redes sociais onde dizia ter ordenado o recolhimento do livro “Vingadores a cruzada das crianças” na Bienal do Livro. Um beijo entre dois jovens era o motivo.
Já o governador de São Paulo, publica o Estado de S. Paulo “João Doria (PSDB), mandou recolher no início de setembro material didático de Ciências para adolescentes de 13 anos da rede paulista que, segundo ele, fazia apologia à “ideologia de gênero”. A apostila tratava de diversidade sexual e explicava termos como “transgênero” e “bissexual””.
Não que se espere algo de criativo ou promissor na gestão de ambos, nem que prevaleça o bom senso e a defesa da diversidade. Ao contrário, como diria o Barão de Itararé: “de onde não se espera nada, nada vem”. É o caso dos dois gestores em questão.
Motivados por interesses diferentes, ambos deram uma lição de atraso político, de incapacidade de conviver com o diverso e o apelo execrável à censura, que deveria ser rejeitada por todos os que defendem uma sociedade plural e participativa.
Crivella é prefeito de sua igreja apenas. Elegeu-se apoiado na crença de que seria um defensor da Tradição, Família e Propriedade. Esqueceu-se de que como prefeito deve prestar contas à toda a sociedade e não apenas à sua bolha. Age menos como prefeito e mais como tuitador.
Doria, por sua vez, procura de forma oportunista se distanciar do governo Bolsonaro, cujo colapso parece cada vez mais iminente. O governador se junta à Crivella no panteão dos gestores boçais e falsos moralistas, tão em voga hoje.
A sociedade deve repudiar com toda intensidade medidas como essas, que mais se aproximam de um passado já superado na maioria do povo brasileiro, porém resistente em nichos de atraso e reacionários.
Todo apoio à liberdade de expressão. Todo apoio a diversidades social. Todo apoio as mais diferentes formas de amor. Abaixo os falsos moralistas trajados de um purismo estúpido e destituído de bases sociais e morais sustentáveis.
Doria e Crivella são parceiros de um modo de gestão calcado numa visão unitária de mundo, onde só existe espaço para os que à eles são semelhantes. O fascismo começa assim e nós sabemos como ele termina.
Muito obrigado,
Ivan Valente