Bolsonaro despenca nas pesquisas

Pesquisas desnudam a farsa Bolsonaro

A última pesquisa DataFolha publicada na segunda-feira, 2 de setembro, comprovou a queda acentuada de popularidade do governo Bolsonaro. Sua rejeição saltou de 33% em julho para 38% em agosto, ele caiu em todos os segmentos, inclusive no de maior renda, seu público mais fiel até agora. O presidente bate recorde de rejeição no Nordeste […]

06 de setembro de 2019

A última pesquisa DataFolha publicada na segunda-feira, 2 de setembro, comprovou a queda acentuada de popularidade do governo Bolsonaro. Sua rejeição saltou de 33% em julho para 38% em agosto, ele caiu em todos os segmentos, inclusive no de maior renda, seu público mais fiel até agora.

O presidente bate recorde de rejeição no Nordeste (52%), entre as mulheres (43%), negros (51%) e mais pobres, o que mostra uma coerência na percepção do povo brasileiro, não há dúvida que ele governa para os mais ricos. Mas mesmo entre os de maior poder aquisitivo sua perda é muito significativa, na pesquisa de DataFolha de julho 52% dos que ganham mais de 10 salários mínimos aprovavam seu governo, esse índice caiu para 37% agora.

Bolsonaro como sempre tratou com desdém a pesquisa, desde do final do 1º turno que sua base alimenta um mantra de que as pesquisas são sempre erradas e eles, obviamente, estão sempre certos. Essa leitura vem do fato que os principais institutos não previram a vitória do Bolsonaro no 2º turno, logo, ao ter errado uma vez, vão errar sempre. Um lado bom de Bolsonaro desprezar as pesquisas é que seu governo não toma medidas para evitar a continuidade dos desgastes, parece que ele segue outro mantra, sempre é possível piorar o que já está ruim.

Ele ainda brincou ao ser informado do alto índice de rejeição no DataFolha, perguntando se as pessoas acreditam em papai Noel, ironicamente, esse foi seu melhor resultado, no mesmo dia, o Atlas Político dava 39,8% de rejeição para Bolsonaro, já na XP esse índice chegou a 41%. A base de Bolsonaro derrete a olhos vistos, a dúvida a saber é qual o seu limite. A ver no constrangimento cada vez maior de sua base, Bolsonaro ainda deve perder muito apoio, se esses eleitores darão o braço a torcer, reconhecendo a besteira que fizeram nas eleições, já é outro papo.

Outro índice importante para avaliar o desempenho do Bolsonaro em perspectiva é a queda do otimismo com o governo, se em abril 59% avaliavam que sua gestão poderia ser “ótima/boa”, em julho eram 51% e agora 45%. 1/3 dos brasileiros acham que a conduta do Bolsonaro não condiz com a de um presidente e 44% dizem nunca confiar no que o presidente diz. 62% dizem que Bolsonaro fez menos do que era esperado.

Nesse sentido, é importante destacar que a verborragia do presidente mais afasta do que agrada. A rejeição chega a 90% quando se trata de falas com conteúdo escatológico. O preconceito também não é tolerado, 70% são contra a fala dele chamando os governadores do nordeste de paraíbas. Outra rejeição importante da população é ao nepotismo, 70% são contra a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.

A crise envolvendo a Amazônia também foi um elemento fundamental no desgaste de Bolsonaro. Na polêmica com o presidente da França, Emmanuel Macron, a maior parte dos brasileiros vê o francês mais preocupado e equilibrado no debate sobre o tema. As respostas dadas por Bolsonaro à crise foram rejeitadas pela maioria, que também aponta que as ações de Bolsonaro mais prejudica investimentos estrangeiros do que ajuda.

Os piores índices de avaliação de Bolsonaro estão na saúde e no combate ao desemprego. Mas ele vai mal em outras áreas também, como educação. A percepção de que ele vai melhor no combate à corrupção, parece ter mais a ver ainda com o discurso de campanha, do que com as ações de governo, haja visto todo o esforço de Bolsonaro para abafar as investigações sobre o seu filho Flávio Bolsonaro.

O  DataFolha erra ao não avaliar o impacto da Reforma da Previdência sobre a avaliação de Bolsonaro. É fato que os mais pobres puxam para cima a avaliação negativa do governo, em especial, dos que ganham até 2 salários mínimos, sem dúvida, os mais atingidos pela reforma, com o corte do abono salarial e das pensões, mas ao não fazer essa relação direta, fica mais difícil. Contudo, é possível pensar o oposto, se a Reforma tivesse sido exitosa, isso teria reflexo na aprovação do Bolsonaro, mas apesar de todo o apoio midiático à reforma, ela não é um elemento sequer reivindicado pelo governo, pois sabe que ela no fundo, é impopular.

Bolsonaro segue sendo o pior presidente avaliado em primeiro mandato, superando até mesmo Fernando Collor de Melo, que logo no início do seu governo teve o famoso confisco da poupança. Todo presidente eleito em primeiro mandato goza de um grande capital político, não é à toa que as ações mais marcantes se dão justamente nos primeiros meses. Bolsonaro conseguiu queimar rapidamente esse patrimônio. Ainda tem um apoio expressivo, mas que está diminuindo de forma muita rápida. Novas crises como os cortes na educação, nas áreas sociais como Minha Casa e Minha Vida, bolsa família, salário mínimo sem aumento real e principalmente uma economia que segue patinando, sem solução para o grave problema do desemprego e com a população endividada e sem capacidade de consumo, devem levar a mais perda de popularidade. Isso tudo sem considerar ainda quando os efeitos da reforma da previdência se fizerem sentir e a população perceber que seu futuro foi roubado.

Pelo acúmulo de desgastes é possível dizer que a verborragia de Bolsonaro não o salvará, pelo contrário, deve acelerar ainda mais o ódio que uma parte considerável da população já nutre por ele. A combinação de seu autoritarismo tosco com um liberalismo extremado é uma fábrica permanente de contradições, não há como sustentar apoio popular sem oferecer nada para o povo, doses cavalares de ideologia não vão resolver a crise econômica. Da nossa parte, seguimos na oposição, mas cada vez mais com o senso de urgência, é preciso derrotar Bolsonaro o mais rápido possível, é preciso salvar o Brasil, antes que seja tarde.

Muito Obrigado,

Ivan Valente – Deputado Federal – PSOL /SP

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