Relógio da Morte para a Amazônia

Amazônia destruída e a crítica internacional

The Economist – Embora seu berço seja a savana de floresta esparsa, a humanidade há muito tempo procura florestas, comida, combustível, madeira e inspiração sublime. Ainda um meio de subsistência para 1,5 bilhão de pessoas, as florestas mantêm ecossistemas locais e regionais e, para os outros 6,2 bilhões, fornecem um amortecedor frágil e rangente contra […]

02 de agosto de 2019

The Economist – Embora seu berço seja a savana de floresta esparsa, a humanidade há muito tempo procura florestas, comida, combustível, madeira e inspiração sublime. Ainda um meio de subsistência para 1,5 bilhão de pessoas, as florestas mantêm ecossistemas locais e regionais e, para os outros 6,2 bilhões, fornecem um amortecedor frágil e rangente contra as mudanças climáticas. Agora, secas, incêndios florestais e outras mudanças induzidas pelo homem estão aumentando os danos causados ​​pelas motosserras. Nos trópicos, que contêm metade da biomassa florestal do mundo, a perda de cobertura florestal acelerou em dois terços desde 2015; se fosse um país, o encolhimento tornaria a floresta tropical o terceiro maior emissor de dióxido de carbono do mundo, depois da China e da América.

Em nenhum lugar as apostas são maiores do que na bacia amazônica – e não apenas porque contém 40% das florestas tropicais da Terra e abriga 10-15% das espécies terrestres do mundo. A maravilha natural da América do Sul pode estar perigosamente próxima do ponto de inflexão além do qual sua transformação gradual em algo mais próximo do estepe não pode ser impedida ou revertida, mesmo que as pessoas deitem seus eixos. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está apressando o processo – no nome, ele afirma, do desenvolvimento. O colapso ecológico que suas políticas podem precipitar seria sentido de maneira mais aguda nas fronteiras de seu país, que circundam 80% da bacia – mas também ia muito além delas. Deve ser evitado.

Os seres humanos têm cavado a floresta amazônica desde que se estabeleceram lá, há mais de dez milênios atrás. Desde os anos 1970, eles o fizeram em escala industrial. Nos últimos 50 anos, o Brasil abandonou 17% da extensão original da floresta, mais do que a área da França, para a construção de estradas e barragens, extração de madeira, mineração, agricultura de soja e pecuária. Depois de um esforço governamental de sete anos para retardar a destruição, ela se recuperou em 2013 por causa do enfraquecimento da fiscalização e da anistia ao desmatamento no passado. A recessão e a crise política reduziram ainda mais a capacidade do governo de aplicar as regras. Agora, o senhor deputado Bolsonaro alegremente levou-o a uma serra. Embora o congresso e os tribunais tenham bloqueado alguns de seus esforços para despojar partes da Amazônia de seu status protegido, ele deixou claro que os infratores de regras não têm nada a temer, apesar do fato de que ele foi eleito para restaurar a lei e a ordem. Como 70 a 80% da extração madeireira na Amazônia é ilegal, a destruição aumentou para níveis recordes. Desde que assumiu o cargo em janeiro, as árvores estão desaparecendo a uma taxa de mais de dois Manhattans por semana.

A Amazônia é incomum, pois recicla grande parte de sua própria água. Como a floresta murcha, menos reciclagem ocorre. Num certo limiar, isso faz com que mais da floresta murche, de modo que, em questão de décadas, o processo se alimenta de si mesmo. A mudança climática está aproximando o limiar a cada ano à medida que a floresta se aquece. O Sr. Bolsonaro está empurrando-o para a borda. Os pessimistas temem que o ciclo de degradação descontrolada possa acontecer quando outros 3-8% da floresta desaparecerem – o que, sob o governo de Bolsonaro, pode acontecer em breve. Há dicas de que os pessimistas podem estar corretos (veja Briefing ). Nos últimos 15 anos, a Amazônia sofreu três secas severas. Os incêndios estão em ascensão.

O presidente do Brasil rejeita essas descobertas, já que ele faz ciência mais amplamente. Ele acusa os forasteiros de hipocrisia – os países ricos não abateram suas próprias florestas? – e, às vezes, de usar o dogma ambiental como pretexto para manter o pobre do Brasil. “A Amazônia é nossa”, trovejou o presidente recentemente. O que acontece na Amazônia brasileira, ele pensa, é o negócio do Brasil.

Exceto que não é. Um “dieback” prejudicaria diretamente os outros sete países com os quais o Brasil compartilha a bacia do rio. Isso reduziria a umidade canalizada ao longo dos Andes até o sul de Buenos Aires. Se o Brasil estivesse represando um rio de verdade, não sufocando um rio aéreo, as nações a jusante poderiam considerá-lo um ato de guerra. Como a vasta reserva de carbono da Amazônia ardeu e apodreceu, o mundo poderia aquecer até 0,1 ° C até 2100 – não muito, você pode pensar, mas o alvo preferido do acordo climático de Paris permite um aquecimento adicional de apenas 0,5 °. C ou mais.

Os outros argumentos do senhor deputado Bolsonaro também são falhos. Sim, o mundo rico arrasou suas florestas. O Brasil não deve copiar seus erros, mas aprender com eles como, por exemplo, a França, reflorestando enquanto ainda pode. A paranóia sobre as técnicas ocidentais é apenas isso. A economia do conhecimento valoriza mais a informação genética sequestrada na floresta do que a terra ou árvores mortas. Mesmo que isso não acontecesse, o desmatamento não é um preço necessário para o desenvolvimento. A produção brasileira de soja e carne bovina subiu entre 2004 e 2012, quando a derrubada de florestas diminuiu em 80%. De fato, além da própria Amazônia, a agricultura brasileira pode ser a maior vítima do desmatamento. A seca de 2015 fez com que os agricultores de milho no estado de Mato Grosso perdessem um terço de sua colheita.

Por todas estas razões, o mundo deveria deixar claro ao senhor Bolsonaro que não tolerará seu vandalismo. Companhias de alimentos, pressionadas pelos consumidores, deveriam rejeitar a soja e a carne produzidas em terras amazônicas ilegalmente exploradas, como aconteceu em meados dos anos 2000. Os parceiros comerciais do Brasil devem fazer acordos contingentes ao seu bom comportamento. O acordo alcançado em junho pela UE e pelo Mercosul, um bloco comercial sul-americano do qual o Brasil é o maior membro, já inclui dispositivos para proteger a floresta tropical. É esmagadoramente do interesse das partes impor-lhes. O mesmo vale para a China, que está preocupada com o aquecimento global e precisa da agricultura brasileira para alimentar seu gado. Os ricos signatários do acordo de Paris, que se comprometeram a pagar os que estão em desenvolvimento para plantar árvores que consomem carbono, deveriam fazê-lo.

A madeira e as árvores

Se há uma briga verde nas táticas de terra arrasada do senhor Bolsonaro em relação à floresta tropical, é que elas tornaram mais difícil ignorar a situação da Amazônia – e não apenas para os forasteiros. O ministro da Agricultura do Brasil pediu que Bolsonaro permanecesse no acordo de Paris. Desmatamento descontrolado pode acabar prejudicando os agricultores brasileiros se isso levar a boicotes estrangeiros de produtos agrícolas brasileiros. Os brasileiros comuns devem pressionar seu presidente para reverter o curso. Eles foram abençoados com um patrimônio planetário único, cujo valor é intrínseco e sustentador da vida, tanto quanto é comercial. Deixá-lo perecer seria uma catástrofe desnecessária.

Texto original The Economist: https://www.economist.com/leaders/2019/08/01/deathwatch-for-the-amazon

Traduzido pelo google Tradutor.

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