Bolsonaro ataca educação pública e aposta na militarização e privatização do setor
Com a chegada de Bolsonaro ao poder havia o temor que o Brasil parasse no tempo. Duas décadas de exercício parlamentar de um deputado medíocre e incapaz sinalizavam que o comando do poder executivo seria marcado por tropeções e solavancos. Passados mais de sete meses de desgoverno é possível observar que os estragos são muito […]
14 de agosto de 2019
Com a chegada de Bolsonaro ao poder havia o temor que o Brasil parasse no tempo. Duas décadas de exercício parlamentar de um deputado medíocre e incapaz sinalizavam que o comando do poder executivo seria marcado por tropeções e solavancos.
Passados mais de sete meses de desgoverno é possível observar que os estragos são muito mais profundos e abrangentes do que se imaginava. O que se apresentava então como paralisia toma a forma de efetivo retrocesso. Andamos para trás em alta velocidade.
As desventuras em série alcançam todas as esferas do poder executivo, deixando um rastro de destruição de longo alcance. A máxima alienante espalhada na campanha de que “depois de quatro anos a gente troca” ignora que os estragos são, muitas vezes, irreversíveis.
É o caso da educação pública.
Cortes orçamentários disfarçados de contingenciamento colocam em risco a pesquisa nacional, o ensino de qualidade e a necessária extensão universitária. As mais elementares funções correm risco de paralisia geral.
Como se não bastassem os cortes vitais anunciados, Bolsonaro ainda retirou mais R$ 1 bilhão do orçamento para atender emendas dos deputados no balcão de negócios de compra de votos para a provação da Reforma da Previdência.
Os terraplanistas que chegaram ao poder no Brasil ignoram o papel da ciência, pesquisa e tecnologia na construção da nação, se valem do senso comum mais tosco e primário para sustentar suas diatribes e dialogar com suas bases. Faltará régua para medir os estragos causados.
Há Universidades cujo orçamento se esgota no início do segundo semestre, provocando a interrupção de pesquisas científicas e comprometendo o semestre letivo de milhares de alunos e alunas.
A responsabilidade direta desta tragédia anunciada recai sobre o ministro da educação Abraham Weintraub, que tem se mostrado pior que o antecessor, se é que isso é possível.
Weintraub tem o hábito de fazer chacota das reivindicações do setor, compartilha e publica nas redes sociais conteúdos incompatíveis com o porte do cargo que ocupa e se movimenta em tempo integral pela pauta comportamental e ideológica. Atitudes pueris, agressivas e intimidatórias são a marca de sua gestão.
As consequências não tardam a chegar e o ministério vai se enrolando nas próprias pernas:
– O ENEM corre sérios riscos em função das trocas sequentes de membros do ministério e dos cortes orçamentários;
– Militares alheios ao tema ocupam cargos onde civis deveriam estar, numa clara ingerência bolsonariana e improdutiva na pasta;
– Ideologia de gênero, Escola Sem Partido e marxismo cultural se transformaram nas maiores bandeiras do ministério substituindo a educação laica, de qualidade e crítica;
A lista é longa.
Importante frisar que a aparente incompetência, na verdade, responde por um projeto onde o desmonte da educação se coloca como pedra fundamental na construção de uma sociedade normatizada, militarizada, autoritária em sua raiz e subserviente aos ditames do capital.
Mas a resistência a este projeto se consolida e fortalece. O 15M foi uma resposta incontestável da sociedade aos desmandos e desmontes que se acumulam. Neste 13 de agosto novas manifestações ocorrem e dão voz aos que gritam em defesa da escola pública e do ensino de qualidade.
A resistência deve ser exercida por todos aqueles que lutam por um Brasil mais justo e igualitário e esta não é uma bandeira apenas de um partido ou grupo político, ao contrário, diz respeito a todos nós. Vamos juntos nesta luta.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL SP