Bolsonaro recebeu ‘youtubers de direita’ acusados de propagar fake news

Bolsonaro recebe produtores de fake news

Gustavo Schmitt e Sérgio Roxo – Bolsonaro exibe camisa que faz alusão aos ‘youtubers de direita’, durante encontro com o grupo no último dia 4. No último dia 4, em meio uma série de reuniões com ministros e parlamentares, o presidente Jair Bolsonaro abriu espaço em sua agenda para receber no Palácio do Planalto um grupo […]

16 de julho de 2019

Gustavo Schmitt e Sérgio Roxo – Bolsonaro exibe camisa que faz alusão aos ‘youtubers de direita’, durante encontro com o grupo no último dia 4.

No último dia 4, em meio uma série de reuniões com ministros e parlamentares, o presidente Jair Bolsonaro abriu espaço em sua agenda para receber no Palácio do Planalto um grupo de cinco youtubers. Os visitantes fizeram a divulgação do encontro nas redes sociais. Pelos mesmos canais em que espalharam as fotos e vídeos ao lado do presidente, esses comunicadores costumam também propagar mensagens falsas e defender, entre outras ideias, a intervenção militar no país.

Autodenominados “youtubers de direita” , os visitantes de Bolsonaro aproveitaram a viagem para participar, em Brasília, da manifestação a favor do governo e da Lava-Jato, no último dia 30. O grupo diz que bancou a viagem por meio de um financiamento coletivo e que arrecadou R$ 54 mil, mas gastou R$ 33 mil.

O mais popular dos youtubers é Alberto Silva, responsável por diferentes canais na internet acusados de propagar notícias falsas. Sua página no YouTube, Giro de Notícias (GDN), tem mais de 800 mil inscritos. Em 2017, o cantor Gilberto Gil conseguiu uma liminar na Justiça do Rio para que um dos sites de Silva, o Pensa Brasil, retirasse do ar uma publicação. O site havia publicado que Gil se referiu ao hoje ministro Sergio Moro como “juizinho fajuto”, ao comentar as investigações contra o ex-presidente Lula. A frase nunca foi dita.

No último dia 7, no Giro de Notícias, o youtuber publicou um vídeo com o título “Jean Wyllys pode ter a sua prisão decretada”. Na explicação de Silva, a prisão ocorreria por causa de uma suposta venda do mandato para o seu suplente na Câmara, o deputado David Miranda (PSOL-RJ).

O youtuber se recusou a conversar com o GLOBO. Em 2017, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, disse: “Quem tem de saber o que é verdade ou mentira é quem lê a matéria.”

Intervenção militar

O corretor de imóveis Adilson Dini, outro membro dos “youtubers de direita”, criou o canal Ravox Brasil em julho passado. Em um vídeo, ele cita o artigo 142 da Constituição — que, numa interpretação evocada por movimentos de direita, permitiria que os militares destituíssem os Poderes. Procurado, Dini não quis dar entrevista.

— Se você pergunta, “Ravox, você quer o 142?”. Eu quero que nós tiremos os bandidos de lá. (…) O que não podemos é explicitar de forma muito óbvia porque a gente leva um cala boca — disse em vídeo, sugerindo que o canal seria tirado do ar.

Os outros três vistantes de Bolsonaro também costumam publicar conteúdos inverídicos. Bruno Jansen já fez relação entre o atentado contra o presidente, durante a campanha eleitoral, e o vazamento de conversas dos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato. Ele diz que Adélio Bispo, o autor das facadas, e Jeans Wyllys “provavelmente se conhecem”. Na mesma linha, Renato Barros e Fernando Lisboa disseminaram o conteúdo falso do perfil no Twitter “Pavão misterioso”, conta que criou narrativa conspiratória com acusações contra Wyllys, Miranda e o jornalista Glenn Greenwald, do site “The Intercept Brasil”.

Indagado se o presidente, ao receber os youtubers, não estaria referendando suas práticas, o Planalto informou que não comentaria.

Fonte:
https://oglobo.globo.com/brasil/bolsonaro-recebeu-youtubers-de-direita-acusados-de-propagar-fake-news-23806852

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