Witzel exorbita e coloca vidas em risco
O Estado do Rio de Janeiro sofre, há anos, com problemas recorrentes, como má gestão, corrupção, incompetência administrativa, inépcia, dentre outros desqualificativos. Mas o atual governador de Estado, Wilson José Witzel, insatisfeito com a lista, resolveu acrescentar mais um: justiceiro. Num vídeo gravado no início de maio o (des)governador aparece numa operação da equipe do […]
09 de maio de 2019
O Estado do Rio de Janeiro sofre, há anos, com problemas recorrentes, como má gestão, corrupção, incompetência administrativa, inépcia, dentre outros desqualificativos. Mas o atual governador de Estado, Wilson José Witzel, insatisfeito com a lista, resolveu acrescentar mais um: justiceiro.
Num vídeo gravado no início de maio o (des)governador aparece numa operação da equipe do CORE, com um helicóptero ao fundo, discorrendo sobre a questão da segurança pública e despejando as bobagens típicas de quem tem pouco a dizer e fazer sobre o assunto.
A ação típica de quem alimenta tolices do tipo “justiça com as próprias mãos” foi levada à cabo. O governador faz um sobrevoo na cidade, em comunidades carentes, ao lado do prefeito Fernando Jordão e o secretário estadual de Polícia Civil, Marcus Vinícius. Em terra e no ar, o discurso é o mesmo.
Disparos são feitos e uma tenda que servia de banheiro para uma igreja Evangélica e atingida. As pessoas reclamam de que a sorte foi grande, pois à maneira como a ação foi concebida o desastre poderia ter sido muito maior e as consequências irreparáveis.
A pergunta que não quer calar: cabe a um governador gastar seu tempo em incursões militarizadas desta ordem? A resposta óbvia é: não. Juristas defendem que o governador pode ser responsabilizado criminalmente pelas consequências da ação.
Não existe a figura da pena de morte no Brasil. O governador praticou o velho olho por olho, dente por dente, que representa um retrocesso civilizatório e pode ser caracterizado como um crime de responsabilidade. Qual o grau de certeza que se pode ter na responsabilidade de um crime a partir de um helicóptero? E mesmo que se tenha, o procedimento recomendado é disparar uma chuva de tiros sobre comunidades pobres?
O empenho do governador na busca e prisão de milicianos em seu Estado não merecer a mesma atenção. Adriano da Nóbrega, por exemplo, foragido há meses, não é encontrado. A leniência, neste caso, teria relação com a proximidade política entre Witzel e Bolsonaro, e a reconhecida vinculação que o Presidente da República nutre com estes grupos de extermínio?
Se Witzel soubesse o que é governar um Estado não teria participado desta operação, mas ele deu provas inequívocas que não tem a mínima noção do que isso significa. Acompanhar Snipers nestas condições mostra que o Rio de Janeiro continua à deriva, e o que é pior, agora sob o (des)governo de um desequilibrado que deve ser imediatamente impedido de repetir estas incursões tenebrosas.
A comitiva que o acompanhou associado ao vídeo gravado configuram um grave arranjo político que mistura apelo midiático ao pretenso combate à criminalidade, mas que acabou se transformando num episódio lamentável.
É o projeto de Sérgio Moro, com o excludente de ilicitude, sendo colocado em prática antes mesmo de ser aprovado. A licença para matar está apenas começando.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL SP