Ligação de Flávio Bolsonaro e milícias é inegável
O Senador eleito pelo estado do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, filho do Presidente da República, tem ligações mais do que óbvias com os grupos criminosos chamados de milícias, que atuam em todo o estado e principalmente na Zona Oeste da cidade. Essas ligações se evidenciam cada vez mais com avançar das investigações do Ministério […]
22 de maio de 2019
O Senador eleito pelo estado do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, filho do Presidente da República, tem ligações mais do que óbvias com os grupos criminosos chamados de milícias, que atuam em todo o estado e principalmente na Zona Oeste da cidade. Essas ligações se evidenciam cada vez mais com avançar das investigações do Ministério Público (MP) do Rio, iniciadas após divulgação do relatório do COAF, no início de dezembro de 2018. Ao que tudo indica, Flávio não era apenas amigo e entusiasta das atividades criminosas, mas sim, parceiro nas atividades de lavagem de dinheiro envolvendo compra e venda imóveis. Atividade reconhecidamente usual desse tipo de quadrilha.
Pesquisa do Atlas Político, publicada ontem, 21/05, diz que 86,3% dos entrevistados têm ciência do caso que envolve as movimentações financeiras de Flávio e que 54,3% são a favor de que ele seja preso. Mas as ligações não ficam apenas na figura de Flávio Bolsonaro, o próprio Jair já defendeu, aqui nesta casa, neste mesmo plenário em 2005, Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão da PM e acusado pelo MP de chefiar o “Escritório do Crime”, maior grupo de matadores de aluguel do Rio. Na ocasião, Jair Bolsonaro se referiu a Adriano como “um brilhante oficial”.
O mesmo Adriano, que é considerado foragido pela justiça, também foi homenageado na ALERJ por Flávio enquanto deputado estadual, quando afirmou que Adriano “no decorrer de sua carreira, atuou direta e indiretamente em ações promotoras de segurança e tranquilidade para a sociedade” e ainda que “Imbuído de espírito comunitário, o que sempre pautou sua vida profissional, atua no cumprimento do seu dever de policial militar no atendimento ao cidadão”. Isso deixa claro o que é cumprimento de dever e atendimento à população na concepção da Família Bolsonaro. Adriano é acusado de assassinar, executar pessoas de forma profissional e sistemática.
Não bastassem as homenagens, Flávio nomeou em seu gabinete a mãe e a esposa do bandido Adriano da Nóbrega, respectivamente, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega. Foram assessoras dele por anos, mas quando as evidências vieram à tona, o filho do Presidente disse que quem indicou foi o Queiróz e que ele não tem nada a ver com isso. Aliás, queremos saber: Cadê o Queiroz?
Fabrício Queiroz é outro que tem ligações mais do que óbvias com as mesmas milícias. Sempre esteve lado a lado com o Clã Bolsonaro nas fotos em que os milicianos aparecem. Acusado de operar uma quantidade inexplicável de dinheiro vivo, já foi chamado a depor mais de uma vez e simplesmente deu de ombros para as intimações. Não era o fim da mamata? Bolsonaro e Sérgio Moro não seriam os paladinos da justiça que iriam livrar o Brasil da corrupção? Estamos vendo que em casa de ferreiro o espeto realmente é de pau.
É ensurdecedor o silêncio do todo poderoso Ministro da Justiça. É simplesmente inexplicável que o Presidente da República nunca tenha vindo à público dar qualquer explicação sobre o escândalo que é essa relação de sua família com tudo isso. Milícias, assassinatos, lavagem de dinheiro, “rachadinha”. A filha do Queiroz era lotada no gabinete de Jair Bolsonaro enquanto ele era deputado federal e ela nunca colocou os pés nesta casa. Como isso pode ser de conhecimento público e não cobrarmos uma resposta do Presidente?
Estamos tratando aqui apenas das informações que são públicas e que podemos relacionar sem nenhum malabarismo criativo. São públicas também as acusações de que este mesmo grupo de milicianos têm relação com o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, nossa vereadora do PSOL na cidade do Rio de Janeiro e seu motorista. Nós queremos saber: Quem mandou matar Marielle e Anderson?
Não podemos mais fingir que nada está acontecendo e que estamos lidando apenas com um monte de lunáticos dirigindo o país. Não que isso não seja verdade. Mas é verdade também que, se por um lado boa parte do governo comprova todos os dias que não têm a menor condição de dirigir um país, por outro há algo de muito podre nas entranhas da família Bolsonaro e não podemos mais aceitar o silêncio hipócrita a que estamos sendo expostos. Até quando?
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL SP