Brasil em desalento

O desemprego no Brasil cresce

Os números no mercado de trabalho são estarrecedores, voltamos a superar a marca de 13 milhões de desempregados e o que é pior, 27,9 milhões de pessoas se encontram em situação de desalento ou precariedade. Superamos a marca de mais de 15 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, mas não comovemos ninguém […]

09 de abril de 2019

Os números no mercado de trabalho são estarrecedores, voltamos a superar a marca de 13 milhões de desempregados e o que é pior, 27,9 milhões de pessoas se encontram em situação de desalento ou precariedade. Superamos a marca de mais de 15 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, mas não comovemos ninguém para ajuda humanitária.

E o que faz o nosso presidente. Ao invés de propor mudanças na política econômica para enfrentar esse problema, ele prefere brigar com os números, questionando a metodologia da pesquisa do IBGE. É central já colocar essa questão para outros indicadores, queremos saber se o Bolsonaro vai repetir o que faz agora quando aparecer outros dados desastrosos para o seu governo em outras áreas como meio ambiente, saúde, educação.

O presidente birrento também não deve reconhecer o levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas que apontou recuo de confiança de quase todos os setores em relação a alta observada no final de 2018. Industria, comércio, construção e serviços se colocam na defensiva, especulando com o quadro econômico adverso, ciosos de novos investimentos. Bolsonaro deve discordar dos próprios analistas do mercado, que projetam crescimento abaixo de 2% para o PIB, se bobear, ele deve duvidar até da projeção do Banco Central, de diretores nomeados por ele, que também apontam um “pibinho”.

A verdade nua e crua é que a economia patina e não tem reforma da previdência, por mais perversa que seja, que salve. O modelo adotado nos últimos quatro anos, desde de Joaquim Levy, passando por Henrique Meirelles, e agora, sendo radicalizado por Paulo Guedes, cobra seu preço e ele não é pequeno. Os estados e municípios estão quebrados, a União não tem recursos nem disposição para alavancar novos investimentos e o setor privado se comporta como sempre se comportou, só investe, quando enxerga reais possibilidades de ganho, ninguém troca o mercado financeiro por investimentos na produção numa situação de crise.

É nesse cenário que as promessas de Bolsonaro vão virando pó e o que ele tem a oferecer é a radicalização ideológica de quem comemora golpe de Estado, exalta a tortura, diz que nazismo é de esquerda. A inoperância e falta de preparo do seu governo salta aos olhos e deixa a população apreensiva, afinal, deste jeito, a situação econômica só tende a piorar. Não é à toa que a última pesquisa do Ibope aponta um descontentamento maior e um deslocamento maior dos setores populares, são pessoas que não têm tempo para esperar, que sentem na pele o caos econômico, que olham e não vêm perspectivas nas “pataquadas” cometidas por esse governo.

Esse descontentamento tende a aumentar à medida em que mais pessoas vão tendo claro do que se trata de fato a reforma da previdência, quando o cidadão percebe claramente que terá que trabalhar mais e no fim ganhará menos. Quando vai ficando claro que o discurso de combater privilégios é uma grande balela, que a reforma será no lombo dos mais pobres, dos mais necessitados.

Um governo não sobrevive só de discurso ideológico, ele precisa apresentar resultados, e para qualquer indicador que se olhe, inclusive no cenário internacional, a visão que se tem é que a maré não está pra peixe, mas somado à incompetência de Bolsonaro, o cenário se torna ainda mais trágico.

Por isso, vivemos um momento decisivo de defesa de direitos, de não deixar que Bolsonaro cumpra sua promessa, dita nos EUA, de “desconstruir”.  É preciso em todas as áreas a maior mobilização possível e, em especial, na luta em defesa da previdência pública. A reforma da Previdência se reveste de um interesse estratégico para o mercado, para o grande capital, não é à toa que nesta pauta estão todos unidos, todos os grandes meios de comunicação, todos os grandes articulistas, nisso não há divergência nem crítica às bizarrices do governo, nisso é o discurso único de privatização e cortes de direitos. Por isso, que derrota-la significa enfraquecer o governo Bolsonaro em todas as outras áreas, significa defender também o meio ambiente, a escola pública, a saúde, os direitos indígenas.

Três meses de Bolsonaro já foram suficientes para se ter uma amostra do desastre, da tragédia que vivemos no país. Num primeiro momento, muitos até riram das grosserias, das barbaridades, dos desencontros de quem governa, agora, é hora de organizar uma forte oposição, popular e unificada, para derrotar pra valer o retrocesso, para defender de fato a democracia e valores fundamentais como Justiça, Igualdade e Respeito às diferenças.

Muito obrigado,

Ivan Valente

Deputado Federal PSOL/SP

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