Um ano sem Marielle e Anderson: a luta por justiça e verdade continua!

Marielle Franco, presente

Dia 14 de março completa um ano dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Trata-se de um dos crimes políticos mais terríveis da história do país. Marielle morreu por defender a causa dos pobres, das mulheres, da população negra e LGBT. Nessa semana, fomos surpreendidos por uma notícia muito importante.  Em que pese a […]

13 de março de 2019

Dia 14 de março completa um ano dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Trata-se de um dos crimes políticos mais terríveis da história do país. Marielle morreu por defender a causa dos pobres, das mulheres, da população negra e LGBT.

Nessa semana, fomos surpreendidos por uma notícia muito importante.  Em que pese a demora injustificável nas investigações, nessa terça-feira, 12, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público, no contexto da Operação Lume, anunciaram a prisão do policial reformado Ronnie Lessa e do ex-PM, expulso da corporação por envolvimento com o crime organizado, Élcio Queiroz. O primeiro teria sido o autor dos disparos, enquanto o segundo, responsável por dirigir o Cobalt prata, no dia dos assassinatos.

Os dois presos são ex-militares que aderiram ao crime e às milícias.  Atuavam como sicários de bicheiros. Matadores de aluguel em nome de milicianos. Capangas do submundo. Ronnie, o atirador, teria sido membro do “Escritório do Crime”, localizado em Rio das Pedras, berço das milícias no Rio. Curiosamente, esse mesmo Ronnie é vizinho de condomínio de Jair Bolsonaro.

Não nos restam dúvidas a respeito da ligação umbilical entre milícia, polícia e políticos vigaristas no Rio. Foi através dessa trinca que a articulação macabra que terminou com a morte de Marielle surgiu. Isso significa algo fundamental para deixar claro: não podemos aceitar em hipótese alguma a tese de que os dois assassinos agiram por conta própria, motivados somente pelo ódio contra parlamentares de esquerda.

O assassinato de Marielle foi político. Quem mandou matar e porque o fez são perguntas centrais que ainda não foram respondidas. Sem elas, a imensa injustiça continuará vigorando. Ao lado da injustiça, uma parte da democracia morre.

De acordo com as investigações, sabe-se que as mortes passaram pelo “Escritório do Crime” associado a outros milicianos. Nesse sentido, as investigações devem avançar. É lamentável ver que as milícias se imiscuíram no Estado. Essas controlam territórios, vendem serviços, coagem moradores e comerciantes, muitas vezes se associam ao tráfico de drogas, e controlam zonas eleitorais imensas: a milícia vende votos. É a partir daí que a relação entre milícias e políticos vigaristas se constrói, ainda que os motivos da associação possam ser outros. Milícia é máfia! Milícia é crime!

Não por outras razões nos horroriza saber que a família Bolsonaro possuí vínculo com milicianos. Isso não significa – e aqui não estamos fazendo nenhum tipo de ilação leviana – que Bolsonaro tenha relação com o crime contra Marielle. Isso somente as investigações poderão dizer com certeza. No entanto, que o clã Bolsonaro possuí, sim, vários contatos com milicianos, isso não se questiona.

Vários criminosos dessa laia foram homenageados por Flávio Bolsonaro. Dois exemplos, Adriano Magalhães, delinquente sanguinário, e Ronald Paulo Alves Pereira, preso por ser miliciano. Mãe e esposa de Adriano trabalharam com Flávio até o ano passado. Não para por aí, Flávio e Jair têm incontáveis fotos com milicianos. A tesoureira do PSL do Rio é irmã de dois policiais presos quando faziam a segurança de Flávio. Jair e Flávio já defenderam abertamente as milícias das tribunas do Congresso Nacional e da Alerj. Mais uma evidência: o operador Fabrício Queiroz, quem “arrecadava” salários de assessores do Flávio, depositou um cheque de 24 mil reais na conta de Michelle Bolsonaro, movimentou mais de um milhão em um ano e por aí em diante, está hoje escondido em Rio das Pedras. O local onde surgiram as milícias.

Portanto, é fundamental que investigações ocorram para saber o grau de comprometimento que o contato com milicianos provocou no clã Bolsonaro. A democracia exige essa resposta. Mais do que isso, as milícias sabotam essa mesma democracia. A sociedade brasileira precisa de uma vez por todas acabar com essa aberração. O PSOL, na Câmara dos Deputados, exige a criação de uma CPI das Milícias para que todas as investigações sejam aprofundadas.

Por fim, queremos ressaltar que não descansaremos até que justiça por Marielle e Anderson seja feita. Quem mandou matar? Por quais motivos? Exigimos essas respostas. A luta que Marielle travava vai continuar. Nesse dia 14, em todo o país, milhares irão às ruas para lembrar a memória de Marielle e Anderson. Mais do que isso, irão às ruas para continuar a luta por justiça e igualdade!

Ivan Valente

Deputado Federal PSOL SP

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