Paulo Preto e Aécio Neves e o lamaçal tucano
São Paulo e Minas Gerais são dois estados em que o PSDB acumulou vitórias sucessivas para governador, elegendo ainda vários prefeitos, deputados e senadores. Dois grandes estados da nação em que os esquemas eleitorais se relacionam intimamente com esquemas empresariais. A longevidade do PSDB em São Paulo é um caso à parte. A pesquisa da […]
25 de fevereiro de 2019
São Paulo e Minas Gerais são dois estados em que o PSDB acumulou vitórias sucessivas para governador, elegendo ainda vários prefeitos, deputados e senadores. Dois grandes estados da nação em que os esquemas eleitorais se relacionam intimamente com esquemas empresariais.
A longevidade do PSDB em São Paulo é um caso à parte. A pesquisa da ex-ouvidora-geral da Defensoria Pública estadual Luciana Zaffalon Leme Cardoso mostra como se estabeleceram relações incestuosas entre os tucanos, o Ministério Público, a justiça e a Assembleia Legislativa, que davam guarida para os esquemas empresariais e eleitorais.
Esta rede de poder blindou o PSDB de tal forma que escândalos pouco avançavam, seja na justiça, seja na Assembleia Legislativa. O engavetamento era geral. Este modo de operar gerou a estabilidade política necessária para o exercício do poder e a alcunha de “tucanistão” para o estado.
Paulo Preto, no entanto, é a ponta deste esquema apodrecido e viciado. Engenheiro da DERSA operou grandes obras no estado, como o Rodoanel, e movimentou muita grana. Foram descobertos R$ 132 milhões em contas na Suíça e agora está novamente preso.
Uma nova farsa veio à público: a abertura de empresas de fachada. Visando burlar as investigações e ocultar seu verdadeiro patrimônio, Paulo Preto aplicou em imóveis e os colocou em nome de suas filhas. O patrimônio incluía ainda embarcação e um hotel, que recebeu investimentos de Adir Assad, hoje um dos delatores da LavaJato.
O doleiro Adir Assad diz ainda que um imóvel de Paulo Preto na Vila Nova Conceição, tinha uma parede falsa onde ele escondia o dinheiro sujo. Declara que chegou a retirar 15 malas com R$ 1,5 milhão de uma casa que seria do ex-diretor da Dersa. O imóvel sediava um ateliê de pintura e no cômodo havia um quadro grande que era, na verdade, uma parede falsa. “Um vão com prateleiras, onde Paulo deixava guardadas diversas malas, todas cheias de dinheiro”.
A grandeza do esquema e o montante de dinheiro exigiam, no entanto, a colaboração de outras pessoas, como as filhas de Paulo. Tatiana Arana Souza, filha mais nova e que já chegou ser presa, foi assessora de cerimonial do então governador tucano José Serra. A outra filha, Priscila Souza, primogênita e advogada, já defendeu empreiteiras quando seu pai as contratava como chefão da Dersa.
A análise das contas na Suíça mostra que cartões foram carregados para sua ex-esposa e para Aloysio Nunes, ex-senador tucano, que pediu demissão do governo Doria em função da publicação na imprensa da denúncia. O império tucano dos esquemas de licitações fraudulentas começa a desabar em São Paulo. Demorou demais para que isso ocorresse.
Viagens e dinheiro ilícito em campanha em MG
Os esquemas ilegais do “tucanistão” também tem sua versão mineira e Aécio Neves emerge como seu operador maior.
A 5ª Vara de Fazenda Pública de Minas Gerais determinou o bloqueio de R$ 11,5 milhões em suas contas. A acusação aponta que ele fez 1.337 viagens oficiais sem comprovar interesse público.
O Ministério Público (MP) reclama a necessidade de ressarcimento ao erário caso o político não justifique que usou a estrutura do estado para viagens de cunho pessoal.
Em 2018 o tucano mineiro já havia sido transformado em réu sob acusação de corrupção e obstrução de Justiça, além de ser alvo de outros oito inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal).
O tucanato se aproveitou de um período em que mantinha grandes porções de poder no Brasil e passou ileso nas denúncias que se acumulavam. O jogo virou e as falcatruas estão aparecendo.
É fundamental que a justiça se estabeleça e a verdade venha à tona. João Doria também deve explicações sobre estes esquemas, pois o PSDB é seu partido e São Paulo o estado que ele governa.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL SP