Monitoramento da igreja católica remonta aos tempos da ditadura

Causou profunda surpresa ao episcopado brasileiro e repugnância dos democratas do Brasil a notícia de que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estaria monitorando a ação dos líderes católicos com relação ao Sínodo da Amazônia previsto para outubro deste ano em Roma. “Não há a menor conotação político-partidária no Sínodo. Qualquer consideração que seja feita […]

14 de fevereiro de 2019

Causou profunda surpresa ao episcopado brasileiro e repugnância dos democratas do Brasil a notícia de que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estaria monitorando a ação dos líderes católicos com relação ao Sínodo da Amazônia previsto para outubro deste ano em Roma.

“Não há a menor conotação político-partidária no Sínodo. Qualquer consideração que seja feita pelos bispos durante o evento terá como base as escutas territoriais dos povos. Esse é o apelo do Papa Francisco, que ouçamos o clamor dos povos e prestemos atenção às necessidades da amazônia”, comenta a irmã Irene Lopes que é uma das organizadoras do evento no site Conversa Fiada.

Irene recorda que o posicionamento da Igreja sobre questões ambientais e indígenas incluem o documento base ao evento além da Encíclica Laudato Si, de Francisco, que trata do meio ambiente. Diz ainda que “O Sínodo pretende verificar, a partir das escutas territoriais, como será possível preparar um futuro tranquilo para as novas gerações que vivem na Amazônia”.

O título de vexame internacional tem sido levado à sério pelo governo Bolsonaro. Primeiro com a mudança da embaixada para Jerusalém e o recuo sob uma saraivada de críticas, depois com a passagem tímida em Davos e a fuga da entrevista coletiva. O ministro Araujo, das Relações Exteriores, tem contribuído sistematicamente com suas análises tresloucadas sobre o perigo do “marxismo cultural”, “globalismo” e a negação do aquecimento global.

Agora é a vez do temor sobre os resultados internacionais que o debate sobre a amazônia pode gerar na imagem do Brasil no exterior. Os arranhões serão inevitáveis.

Ocorre que o agronegócio foi alçado à condição de eixo central da produção nacional no plano de governo de Bolsonaro. Não é a indústria, o emprego urbano e a produção de tecnologia. É o agronegócio. Trata-se do retorno à condição de Brasil colônia, exportador de commodities de baixo valor agregado que atende prioritariamente o mercado interno de nações desenvolvidas ou de forte crescimento econômico, como a China.

A consequência direta da expansão da agronegócio é o desmatamento, em especial do Cerrado e da Amazônia. O retrocesso causado pelo novo Código Florestal de 2012 que reduziu as áreas de proteção, colocou o Brasil na contramão do mundo, onde a defesa do meio ambiente e dos espaços naturais tem se popularizado e adquirido uma dimensão maior.

O governo Bolsonaro deveria se preocupar com os estragos ambientais e suas consequências não apenas para os brasileiros, mas para o mundo. Deveria estar ao lado da preocupação do movimento ambientalista, dos povos nativos e dos debates que o episcopado vai promover, ao invés de vigiar e tentar monitorar.

O retrocesso se capilariza em várias frentes, inclusive contra a igreja católica e sua luta em defesa do meio ambiente.

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