2019: imensos desafios para garantir direitos e democracia

A campanha eleitoral de 2018 foi a mais polarizada no Brasil em muitas décadas mas o tempero da disputa não foram as propostas, mas o ódio, a intolerância e a mentira propagadas com velocidade e eficiência na internet. A falta de debates públicos que beneficiaram a falsidade de uma candidatura “anti-sistema” sendo do sistema, “anti-corrupção” […]

17 de janeiro de 2019

A campanha eleitoral de 2018 foi a mais polarizada no Brasil em muitas décadas mas o tempero da disputa não foram as propostas, mas o ódio, a intolerância e a mentira propagadas com velocidade e eficiência na internet. A falta de debates públicos que beneficiaram a falsidade de uma candidatura “anti-sistema” sendo do sistema, “anti-corrupção” envolvida e apoiada por corruptos e “anti-ideologia” mas sustentada por ideologia totalitária, deram a tônica.

O discurso machista, xenófobo, racista e preconceituoso de Jair Bolsonaro construído em sua vida pública, ganhou evidência nas eleições e conquistou parte de um eleitorado desanimado, conservador e imediatista, em busca de um “salvador da pátria”.

Se o Bolsonarismo soube navegar com desenvoltura numa onda reacionária internacional inspirada por Trump, seus primeiros dias de gestão mostram-se uma sucessão de erros tão primários quanto previsíveis.

A começar pela composição do seu ministério, que exibe o “posto Ipiranga”, Guedes e o vingador Moro como troféus mesmo sem política anunciada. Ministério que se mostra  desarticulado e incompetente, formado por terço de militares, terço de neoliberais e o terço final de fundamentalistas delirantes.

A corrupção, tema central da campanha Bolsonarista, foi enterrada antes da posse, com o Caixa 2 assumido de Lorenzoni sob o perdão de Moro, as tenebrosas transações de Queiroz e o ministro do meio-ambiente réu por falsificação documental em licenciamento ambiental.

Há ainda um vice-presidente conspirador, nepotista e pouco afeito à democracia, além da própria família de Jair Bolsonaro envolta em assessores, cheques e movimentações bancárias suspeitas. Seus filhos são vetores desta política insana que transforma Eduardo Bolsonaro em embaixador plenipotenciário no exterior e garoto propaganda do armamentismo.

No discurso e na ação o governo não sai do palanque para manter ativistas virtuais na ativa. A desconstrução do “socialismo implantado no Brasil”, o anticomunismo e o decreto das armas (que só ampliará a violência na cidade e no campo), fazem parte do circo midiático para aglutinar a tropa.  

O bloco dos neoliberais, por enquanto, trama em segredo e lança pequenos petardos de medição das tensões sociais e da repercussão na imprensa das medidas esboçadas.

Mas o pior está por vir. Privatizações, retirada de direitos previdenciários e trabalhistas, inviabilização da reforma agrária e urbana, o recuo na demarcação das terras indígenas e ataques aos quilombolas, destruição ambiental, conflitos diplomáticos e comerciais internacionais, alinhamento automático aos EUA, enfim, a lista é longa e dramática.

Mas o contraponto existirá e o povo brasileiro não assistirá a tudo isso passivamente. O desgaste do governo já começou e as pesquisas mostram que a maioria é contra as privatizações, o destroçamento dos direitos, facilitar o acesso às armas, se alinhar aos EUA e a favor do debate político e da educação sexual nas escolas.

A luta será difícil e árdua, porém necessária e vital para o futuro do Brasil. Assim, construiremos uma nação mais solidária, inclusiva, justa e democrática. Ninguém larga a mão de ninguém.

Ivan Valente é deputado federal Psol/SP

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